Apresentado a convidados, “Nos traços do Bom Deus, escrevemos nossa história” documenta o legado religioso e socioeducativo das Irmãs de Notre Dame
Tapete vermelho para uma estreia digna de cinema! Afinal, não haveria outra ambientação para lançar o documentário produzido com o intuito de valorizar uma trajetória que impacta e sensibiliza a vida de milhares.
Idealizada em decorrência das celebrações alusivas ao centenário da presença Notre Dame no Brasil, a obra repercute o legado de dez missionárias oriundas da Alemanha que, em 1923, deixaram o velho continente para, no norte gaúcho, revelar aspectos da natureza de Deus e desempenhar feitos educativos e sociais. Tecido a partir de 23 entrevistas, o longa-metragem foi notabilizado frente aos sentidos atentos dos cerca de 350 convidados para suas sessões inaugurais, realizadas em sala de cinema localizada no Passo Fundo Shopping, no anoitecer da última segunda-feira (14).
Dramatizado por partícipes das comunidades educativas Notre Dame, bem como por religiosas forjadas no exemplo das precursoras, o documentário “Nos traços do Bom Deus, escrevemos nossa história” também empreende uma busca pelas raízes da Congregação, remontando à profunda fé nutrida por aquela que idealizou a obra religiosa e, igualmente, às professoras que se inspiraram no carisma de Júlia Billiart para, comprometidas com a educação e a evangelização das crianças mais necessitadas, fundar o ramo alemão da congregação.
Marcado por representações capazes de fazer marejar os olhos dos espectadores – como aquela que reproduz a epifania das missionárias ao depararem-se com a calorosa recepção dos passo-fundenses, na gélida madrugada de 07 de junho de 1923 -, o filme exalta a coragem e a abnegação que, ultrapassando as fronteiras europeias, fez do Rio Grande do Sul, conforme a metáfora cunhada pela Superiora da Província da Santa Cruz da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Irmã Dirce Slaviero, a folha em branco em que uma narrativa de superações pudesse ser escrita. “Aqui fomos acolhidas pela comunidade, que nos ofereceu condições para o desenvolvimento de um projeto educativo que se mantém vivo, atual e inovador”, justificou a religiosa em seu pronunciamento aos convidados.
Atualmente, mais de 3 mil crianças e adolescentes constroem saberes para a vida a partir dos princípios trazidos ao Brasil por aquelas mulheres que se desprenderam de tudo que lhes era conhecido para, sem sequer dominar a Língua Portuguesa ou ter a perspectiva de tornar a encontrar os seus familiares, oportunizar o acesso à educação para as meninas. Além das 16 instituições de Ensino Básico mantidas no País, a bravura e o comprometimento das precursoras têm reflexo em uma escola fundada em Moçambique. “País esse que nos permitiu repetir os gestos das dez pioneiras, chegando lá com o desafio de iniciar uma nova Missão”, acentuou a Superiora.
À frente do Executivo Municipal quando a obra Notre Dame chega a um século no Brasil, o prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida, parabenizou a iniciativa de eternizar em imagens a trajetória centenária e reconheceu, por pronunciamento em vídeo, como a cidade que lhe serviu de berço se desenvolve concomitantemente à atuação das Irmãs, graças a um fazer pedagógico que contribui local e regionalmente.
Presente na solenidade de lançamento do documentário, o arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo, Dom Rodolfo Weber, também valorizou a produção, além de dar sua bênção aos presentes.
A festividade, dimensionando o legado que, edificado no compromisso com a fé cristã, se estende por todo o território brasileiro em obras que também abarcam as áreas da assistência social, da pastoral e da saúde, ainda contou a leitura de uma mensagem redigida pela Superiora Geral da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Sister Mary Ann Culpert. “Que vocês continuem a escrever a história Notre Dame e a testemunhar o amor providente de Deus”, exclamou a religiosa em seus votos.
A exibição inaugural do audiovisual ainda despertou júbilo e emoção entre as Irmãs homenageadas pela sua contribuição com a vasta pesquisa realizada à pré-produção de “Nos traços do bom Deus, escrevemos nossa história”: Irmã Araci Maria Ludwig e Irmã Alcídia Guareschi. Os responsáveis por levar a cabo a realização do documentário, a jornalista Júlia Fedrigo de Albuquerque e o diretor Fábio Covatti, foram, igualmente, presenteados com rosas. O gesto, que faz alusão à forma como as missionárias alemãs foram saudadas ao desembarque na Estação Ferroviária de Passo Fundo, foi acompanhado das afetuosas palavras proferidas pelo coordenador de Comunicação e Marketing da Congregação de Nossa Senhora, Erni da Rosa.
Levadas à apreciação e aos aplausos do público, elas reconheciam o empenho dos profissionais que dedicaram um ano de trabalho para, vencidas as etapas de pesquisa, roteirização, captura de imagens, entrevistas e pós-produção, permitir que a narrativa se fizesse conhecer.
Ao término da exibição, os convidados foram brindados com uma breve apresentação dos grupos de Canto Coral formados por estudantes Notre Dame.