Itinerário espiritual em homenagem ao legado da Santa soma-se a outras peregrinações religiosas de Passo Fundo, convidando os fiéis à reflexão, à oração e à contemplação
A chuva caída na tarde da última quinta-feira (02) não impediu a inauguração da jornada espiritual Caminho de Santa Júlia, localizada na propriedade da Casa Santa Cruz – espaço para retiros e formações mantido pelas Irmãs de Notre Dame, em Passo Fundo. A cerimônia contou com a presença de autoridades religiosas, como o arcebispo Dom Rodolfo Weber e a superiora da Província da Santa Cruz da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Irmã Dirce Slaviero, além de lideranças políticas, como o prefeito em exercício e a Secretária de Cultura do município, respectivamente, João Pedro Nunes e Miriê Tedesco, bem como da imprensa e de numerosos fiéis.
Marcando a abertura das atividades comemorativas previstas para o ano em que se celebra o centenário da presença Notre Dame no Brasil, a solenidade salientou como, para entender quão expressiva é a trajetória de uma pessoa, precisa-se contextualizar o seu tempo, a sua maneira de ser, pensar e agir, e a importância dos seus feitos para determinado grupo social. Afinal, essa é a compreensão propiciada, ao longo do percurso que excede a marca de 1km, pelo itinerário espiritual idealizado em ode à precursora da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Santa Júlia Billiart.
Nascida na França, em 1751, Júlia dedicou os 64 anos de sua vida à devoção ao Criador, à atividade religiosa e à missão de difundir a bondade de um Deus providente. Nem mesmo a mobilidade comprometida por uma paralisia lhe impediu de vislumbrar e realizar uma obra evangelizadora e educacional que ultrapassou os limites geográficos, administrativos e conceituais de sua época.
Fundada em 1804, em terras francesas, a Congregação está presente em 19 países, contribuindo para que a benevolência divina seja conhecida. Entre tais nações está o Brasil, onde as religiosas forjadas no seu exemplo se doam, desde 1923, também à áreas da Assistência Social e da Saúde.
A relação entre Júlia e o País, no entanto, é ainda mais estreita, uma vez que foi por um milagre realizado no Estado de Santa Catarina que o clamor popular em torno da sua cultuada figura foi consolidado, com sua canonização, em 22 de junho de 1969.
Brindando tal proximidade, o Caminho também propicia aos peregrinos o contato com árvores nativas e flores variadas, ao conduzi-los por símbolos que aludem à espiritualidade de Júlia e por citações extraídas das cartas por ela escritas.
Cada um dos 20 marcos que perpassam a trilha é fruto de uma doação feita por indivíduos que, em dado momento existencial, sentiram-se tocados pela sabedoria intrínseca à Santa. Por isso, eles foram homenageados durante o ato inaugural – ocorrido no auditório da Casa Santa Cruz.
Na ocasião, os convidados puderam conhecer virtualmente o itinerário, melhor dimensionando a sensatez das ações e das palavras que atravessaram a vida de Júlia. Além disso, testemunharam o reconhecimento das autoridades municipais à atuação das Irmãs de Notre Dame junto à comunidade onde elas primeiro se instalaram, à época em que assumiram o compromisso evangelizador em terras brasileiras. “A gratidão é a memória do coração. Vocês todas transformaram a vida de Passo Fundo”, exaltou o prefeito em exercício.
O sentimento também foi evidenciado pela superiora provincial, Irmã Dirce Slaviero, ao mencionar o trabalho de todos aqueles que se empenharam na concretização da iniciativa sugerida pelo devoto Gustavo Rigon Bonotto. Por fim, o arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo deu sua bênção ao Caminho de Santa Júlia, cujo trajeto pode ser trilhado individualmente ou em grupos, sob a supervisão de um guia ou com o auxílio de uma publicação elucidadora.
Confira mais fotos do ato inaugural: