Temática foi abordada, sob perspectivas psicopedagógicas e clínicas, durante mesa redonda que integrou a programação do IV Congresso de Educação Notre Dame
Cerca de 20% da população infanto-juvenil brasileira apresenta algum nível de transtornos mentais, o que está diretamente ligado à sua capacidade de aprendizagem. O dado foi apresentado pelo médico psiquiatra e membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Miguel Angelo Boarati, durante a mesa redonda “Dificuldades na aprendizagem: o que fazer?”, realizada na manhã desta sexta-feira (07), durante a programação do IV Congresso de Educação Notre Dame.
Alarmante, a informação acerca dos transtornos mentais e de comportamento que afligem as crianças e adolescentes precisa ser conhecida pelos educadores, uma vez que comprometem a capacidade cognitiva dos educandos, resultando na dificuldade para a construção de saberes.
Essas perturbações, de acordo com Boarati, muitas vezes estão relacionadas a algum comprometimento no funcionamento de certas áreas do cérebro. Contudo, conflitos pessoais e familiares também podem causar sintomas referentes a problemas de atenção, ansiedade ou agitação. Quando eles ocorrem, é normal que o estudante dê sinais, ainda que sutis, do que está vivenciado, seja por meio de uma mudança de comportamento ou na queda do desempenho escolar.
Por isso, no que tange o diagnóstico precoce desses transtornos, os educadores são peças fundamentais. Atento ao que é esperado dos educandos, nos diferentes momentos da vida escolar, o professor é capaz de encaminhá-lo para avaliação e acompanhamento de equipe multidisciplinar – formada, por exemplo, por fonoaudiólogo, neuropediatra, psicólogo e psicomotricista -, com o intuito de colaborar com o seu desenvolvimento.
Mas, conforme a fonoaudióloga e coordenadora dos cursos de Neurociências e Neuroeducação do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica de São Paulo, Telma Pantano – que também participou da mesa redonda – o papel do docente vai além. Integrando-se às equipes multidisciplinares, o educador deve buscar abordagens atrativas e propor atividades em que o desenvolvimento e expressão do conhecimento sejam adaptados às crianças e aos adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem. Assim, é possível criar uma organização de atendimento e estruturação de apoio, com o objetivo de suprir as necessidades e desenvolver estratégias compensatórias para esses alunos.
Afinal, educar as crianças e adolescentes para a vida não demanda apenas transmitir conteúdos, mas também ensiná-los a viver, a administrar suas vidas e a se relacionarem com os outros. Isso, de acordo com Pantano, significa formar indivíduos funcionais, capazes de construir aprendizagens permanentes.