O desafio atual dos professores é ser, ao mesmo tempo, profissional e cientista da educação, com a capacidade de pesquisar sobre suas práticas pedagógicas e de levar seus alunos ao desenvolvimento de novas linguagens e à apropriação do conhecimento. A afirmação foi feita pelo reitor honorário da Universidade de Lisboa, António Sampaio Nóvoa, e transmitida aos docentes que participam do IV Congresso de Educação Notre Dame, durante a conferência “Professor: educador em formação”, realizada na manhã deste sábado (08).
Nóvoa, referência mundial quando se trata de formação docente, dialogou, há alguns dias, com a supervisora de ensino da Rede de Educação Notre Dame, Claudia Toldo. A conversa foi gravada e serviu como base para o debate acerca da importância da atualização constante dos educadores, a fim de que eles estejam preparados para contribuir com seus alunos na construção de aprendizagens significativas.
Durante sua fala, o conferencista explicou que o modelo de educação atual está passando por transformações profundas, impostas pela efervescência tecnológica e cultural do presente. Por isso, para que a escola seja bem-sucedida, três principais mudanças são necessárias: os espaços pedagógicos precisam se modificar, já que o ensino ocorre cada vez menos em espaços fixos e cada vez mais em vários espaços, redes e relações; a escola precisa ser vista e vivida como um local de trabalho pelos estudantes, aonde o conhecimento é produzido de maneira cooperativa e relacional e a aprendizagem seja cada vez menos um ato passivo, e mais um ato de descoberta, pesquisa e comunicação; o trabalho dos professores deve deixar de ser individual e passar a ser colaborativo, ou seja, as fronteiras entre as disciplinas devem ser diluídas a fim de que os docentes sejam capazes de colocar os alunos em situação de aprendizagem, de descoberta, de relação com o conhecimento, com a ciência e com a cultura.
Tudo isso, contudo, só é possível através da qualificação permanente dos educadores. Neste sentido, Nóvoa insistiu na importância da formação continuada e afirmou que o processo deve ir além da prática. “O que forma é a reflexão sobre a experiência e a prática. Educar é uma atividade de criatividade, em uma espiral interminável, e a formação deve ser contínua. Os professores precisam estar sempre atualizados sobre as novas metodologias de ensino e, a partir delas, desenvolver práticas pedagógicas eficientes”, advertiu.
Assim, para o conferencista, os momentos de formação docente devem ir além de palestras e eventos. Para serem efetivos, eles devem ser desenvolvidos cotidianamente, por meio de grupos de pesquisa, aonde, num trabalho conjunto, os professores possam estudar e refletir sobre suas próprias práticas. Desse modo, eles podem desenvolver novas metodologias – com base na convergência entre as áreas do conhecimento -, que possam gerar aprendizagens cada vez mais significativas, a fim de formar estudantes que dominem as mais diferentes linguagens e tenham a capacidade de interpretar o mundo nas mais diversas plataformas.