Reunindo religiosas ligadas aos dois ramos da Congregação mantidos no Brasil, evento foi realizado no domingo (01)
Unidas pelo propósito de proclamar a bondade de Deus e Seu amor providente, ao qual devotam suas vidas, as Irmãs de Notre Dame também deixaram-se congregar pelo júbilo. Afinal, ao menos 180 delas reuniram-se, durante o domingo (01), para celebrar o centenário de presença da Congregação religiosa no Brasil.
Conforme esclareceu a Superiora da Província da Santa Cruz, Irmã Dirce Slaviero, ao saudar as participantes da celebração, entre as tantas festividades comemorativas realizadas em alusão à trajetória secular, as quais envolveram os diferentes partícipes das comunidades onde as religiosas atuam, essa era particularmente significativa, uma vez que lhes permitia render graças pela história de que são protagonistas. “É uma alegria imensa, uma graça muito especial celebrarmos juntas o centenário de presença Notre Dame no Brasil! Estamos aqui para louvar e bendizer a Deus pelas muitas graças recebidas, pelas muitas sementes lançadas e pelos bons frutos colhidos, tanto em terras brasileiras quanto além-fronteiras”, salientou, lembrando das Missões Ad-gentes principiadas pelas brasileiras em Moçambique e no Peru.
Realizado na mais longeva entre as instituições de ensino fundadas pela Congregação no País, o Colégio Notre Dame Passo Fundo, o Encontro Interprovincial foi prestigiado pela Superiora Geral da Congregação, Irmã Mary Ann Culpert, bem como por suas conselheiras, Irmã Maria Nonata Bezerra e Irmã Mary Kathleen Burns. Além disso, coincidindo com a data de fundação, há 173 anos, da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Coesfeld – instituição à qual eram atreladas as missionárias alemãs que partiram rumo ao desconhecido para contribuir com a educação e a evangelização no norte Rio Grande do Sul -, também compareceram à confraternização a Superiora da Província religiosa hoje mantida naquele País, Irmã Maria Paula Wessel, assim como quem a precedeu no cargo, Irmã Josefa Maria Bergmann.
Ligadas aos dois ramos brasileiros da Congregação, a Província da Santa Cruz, com sede em Passo Fundo (RS), e a Província Nossa Senhora Aparecida, sediada em Canoas (RS), as presentes foram convidadas a contemplar a trajetória secular que, por seu testemunho de um Deus bom e seu compromisso em torná-lo conhecido e amado, cada uma ajudou a construir. Para tanto, reuniram-se na Capela do educandário, assistindo à cerimônia eucarística presidida pelo Arcebispo da Arquidiocese de Passo Fundo, Dom Rodolfo Weber. Reconhecendo como o chamado à construção do Reino de Deus foi aceito e materializado pelas Irmãs de Notre Dame, o sacerdote as impeliu a render graças pela abnegação de tantas mulheres. “Nós queremos louvar a Deus por todo esse ‘sim’ dado concretamente aqui no Brasil, nesses 100 anos! Esse ‘sim’ é dado e concretizado de muitas formas, não só pela fala, mas por aquilo que foi realizado”, exclamou o religioso.
Nesse sentido, a Superiora da Província Nossa Senhora Aparecida, Irmã Shirle Maria, também salientou como, diante do egoísmo, da ganância, da indiferença e do ódio que, por tantas vezes, perpassam a convivência em sociedade, as Irmãs de Notre Dame são sinal de esperança, mudança e caridade. “Quem experimenta o divino amor torna-se dele um instrumento. É algo que nos transborda”, afirmou, rememorando os educandos, os membros das comunidades missionárias e os alcançados pelas ações pastorais que tiveram suas vidas transformadas por meio da educação, da fé e dos valores transmitidos.
Reunidas no auditório escolar, após almoço de confraternização, as participantes do encontro comemorativo ainda receberam os cumprimentos e votos da comitiva estrangeira.
Relembrando as raízes da Congregação, a Superiora da Província Maria Regina, com sede em Coesfeld (Alemanha), exaltou quão formidável era o motivo que as impelia a congregar. “Não é um milagre? Tantas Irmãs estão aqui, e isso porque, em 1850, duas mulheres, Hilligonde Wolbring e Lisette Kühling, estiveram atentas à situação das crianças pobres e se engajaram, com todas as suas forças, para que essas crianças pudessem ter um futuro melhor”, enalteceu Irmã Maria Paula Wessel, refletindo a respeito das virtudes demonstradas pelas mais de 170 missionárias alemãs que, no decorrer de anos, rumaram para o Brasil imbuídas do compromisso de contribuir com a formação acadêmica e religiosa das meninas. “As primeiras Irmãs no Brasil foram vigilantes, como suas antecessoras, em relação ao que precisava ser feito em sua época. E eu imagino que elas tiveram que ser flexíveis neste país que lhes era desconhecido, onde, certamente, nem tudo transcorreu como haviam imaginado”, complementou.
Também lembrando daquelas que partiram em Missão, a Superiora Geral da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Irmã Mary Ann Culpert, salientou como, mais importante que os materiais didáticos trazidos consigo, era o entusiasmo que as acompanhara durante a travessia até a América do Sul. “Elas começaram a semear as sementes do Evangelho e do carisma Notre Dame neste belo país, abrindo escolas, hospitais e engajando-se nas pastorais paroquiais”, frisou a religiosa, fazendo alusão à Parábola do Semeador enquanto apresentava às presentes a obra “O Semeador”, do artista plástico Jean-François Millet. “Hoje vocês continuam essa semeadura. Vocês plantam sementes de esperança – através dos apostolados sociais, com famílias e crianças que carecem do básico em sua vida, mas que também necessitam de palavras de conforto, compaixão e amor. Vocês semeiam sementes de conhecimento – nas vossas escolas, onde milhares de jovens têm recebido uma excelente educação e, agora, fazem a diferença no país e no mundo. Vocês plantam sementes de cura – para pessoas necessitadas de cuidado à saúde, através de seus apostolados em hospitais, farmácias e clínicas. Vocês plantam sementes de justiça e paz – trabalhando com os detentos, ensinando e sendo modelos de reconciliação, apoiando os povos indígenas na luta por seus direitos, bem como, ensinando e contribuindo para o cuidado da casa comum. Vocês continuam a semear sementes de fé – propiciando orientação espiritual e catequese em paróquias, promovendo encontros de jovens e orientando retiros”, concluiu a Madre, que também presenteou cada Província com a Bênção Apostólica do Papa Francisco.
Lançamento de livros:
Durante o Encontro Interprovincial, ainda foram lançadas duas obras que convidam seus leitores a voltarem-se ao passado da presença religiosa no País, assim como a reconhecer a espiritualidade que a perpassa. São elas: “História da Província da Santa Cruz – volume II”, cuja organização ficou a cargo de Irmã Maria Cleomar, e “Código de Evangelização das Irmãs de Notre Dame”, organizado por Irmã Araci Maria Ludwig.